Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Acreditou na palavra… (Jo 4,43-54)

27/03/2017 – Acreditou na palavra… (Jo 4,43-54)

“Só acredito naquilo que eu vejo!” Este é o princípio de muitos seguidores de Tomé, o apóstolo. Aparentemente racionalista, este mesmo princípio cai por terra quando alguém leva um choque elétrico e também… cai por terra, sem ter visto a corrente que o “aterrou”… Não se vê, mas é real…

No Evangelho de hoje, temos o polo oposto: um alto funcionário da corte, cujo filho estava à morte, foi capaz de “dar crédito” a uma palavra de Jesus. Isto é crer: dar crédito àquele que fala. Apostar em sua promessa e, mesmo sem sinais visíveis ou tangíveis, mergulhar na esperança.

Na verdade, o funcionário do rei pretendia que Jesus se deslocasse até sua casa e chegasse ao doente. Mas Jesus trocou a estrada por um atalho: sua simples Palavra.

Dom Claude Rault, que já conhecemos, também comenta o episódio, associando-o às Bodas de Caná e ao Prólogo do Evangelho de João:

“Uma ordem somente, e uma declaração: ‘Vai, teu filho vive…’ Jesus não precisa descer. Sua palavra basta. Ela já mudou a água em vinho (Jo 2): ‘Fazei tudo o que ele vos disser… Vai, teu filho vive…’ Nenhum sinal prévio, nada de visível. Nem mesmo um gesto. Uma palavra: ‘Vai, teu filho vive!’ E o homem acreditou na palavra que Jesus lhe dissera e pôs-se a caminho.

Eis uma palavra operante, uma palavra criadora que deixa a fé sem alternativa. O homem acreditou. E era isto que Jesus esperava dele. Uma fé que põe a caminho. Como a fé de Abraão. A fé é antes de tudo uma caminhada interior.

Ela é adesão a uma palavra que me é dita. É um SIM prévio, na confiança de que aquilo que me é dito assim será. ‘No começo era a palavra… tudo foi feito por ela, e sem ela nada foi feito’, nos diz o Prólogo do Evangelho.

O homem percebeu que existia um nexo entre a palavra de Jesus e a vida. ‘Nela estava a vida’. – ‘Vai, teu filho vive!’ A fé é trabalho. Não é beata passividade, espera… Podemos ver que esse homem trabalhou em profundidade. Ele se põe a caminho. Ele parte… A palavra lhe bastou porque ele sabe que uma palavra que vem daquele homem é uma palavra que faz o que ele diz.

Preciso de sinais para crer? É preciso pedir sinais? Se me são dados os sinais que eu peço, onde está o desafio da fé? ‘Se não virdes sinais e prodígios, vós não acreditareis?’ (Jo 4,48)”

Orai sem cessar: “Creio, Senhor, mas socorre minha falta de fé!” (Mc 9,24)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.