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Homem algum falou como este! (Jo 7,40-53)

17/03/2018 – Homem algum falou como este! (Jo 7,40-53)

Esta frase exclamativa saiu da boca dos guardas enviados pelos sacerdotes do Templo de Jerusalém com a missão de prender Jesus de Nazaré, cujo ensinamento ameaçava os donos do poder. Depois de se misturarem à multidão e ouvirem a pregação do Rabi, os emissários regressam aos chefes com os olhos cheios e as mãos vazias: “Homem algum falou como este homem!”

Não só os guardas daquele tempo, mas também os homens de empresa deste início de milênio estão descobrindo uma nova faceta em Jesus: seu notável poder de liderança! Uma palavra, e o seguem: “Vinde e vede!” (Jo 1,39) Uma ordem e os demônios fogem: “Sai deste homem!” (Mc 1,25) Um gesto e os guardas caem por terra (Jo 18,6). Sem poder econômico, sem recursos financeiros, sem apoio político, Jesus Cristo dividiu a História em duas fatias: antes de Cristo / depois de Cristo.

Diferentemente dos demais rabinos de seu tempo, que ensinavam apoiados em uma tradição, sempre a citar e repetir as lições de seus próprios mestres, Jesus de Nazaré destoa da tradição, pois ensina “com autoridade” (Mt 7, 29) e afirma que só repete aquilo que ouviu pessoalmente do próprio Pai. De modo audacioso, chega a contrapor a herança mosaica a uma Boa Nova ainda mais exigente: “Vocês ouviram dos antigos… Eu, porém, vos digo…” (Cf. Mt 5,21.27.33)

Não admira, pois, que corresse entre a multidão um frisson de admiração capaz de gerar muitas perguntas: “Não seria ele o Messias esperado?” Pobre, de origem humilde, proveniente da periferia de Israel, como explicar que aquele “filho do carpinteiro” agitasse de tal modo a sociedade de seu tempo?

Aqueles que se dedicam a organizar seminários para analisar a “liderança de Jesus Cristo” certamente não acharão a resposta em sua oratória, em sua inteligência humana nem nos seus recursos de neurolinguística. O que nos atrai em Jesus é, simplesmente, a Verdade. Não só a Verdade que ele traz do Pai, mas a Verdade que ele é. Quem faz contato com a Palavra de Jesus Cristo recebe dupla revelação: uma revelação sobre Deus e uma revelação sobre o homem.

Enquanto a multidão ouve o Rabi da Galileia, seu coração chega a arder (cf. Lc 24,32). O anúncio que Jesus comunica arranca as vendas que velavam os olhos humanos. Mesmo falando de coisas simples e comuns, como as aves do céu ou os lírios dos campos, sua mensagem estende uma ponte entre o coração do homem e o coração de Deus…

Agora, sim, sabemos que Deus é nosso Pai. Agora, enfim, sabemos que somos filhos. Depois disso, a quem iremos (Jo 6,68), a não ser ao Senhor?

Orai sem cessar: “Guardo no fundo do meu coração a vossa Palavra!” (Sl 119,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.