11/09/2017 – Meu rochedo… (Sl 62 [61])
Entre as imagens bíblicas mais expressivas, surge a figura do rochedo: a rocha sólida na qual se encontra apoio definitivo. Em hebraico, o verbo “aman” [de que deriva “emunah”, a fé] encerra a ideia de fixar raízes, consolidar-se na rocha. Não admira que daí provenha o AMÉM que a comunidade brada para expressar sua confirmação: sim, é sólido, merece confiança!
Assim é nosso Deus: um rochedo que nos oferece sua solidez, de modo que as tempestades deste século não nos arrastem para a ruína. No Apocalipse, lemos: “Assim fala o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Príncipe da criação de Deus”. (Ap 3,14) Uma nota da Bíblia Tradução Ecumênica – TOB ensina: “Palavra hebraica, cuja raiz significa a solidez, a certeza, utilizada nas liturgias judaica e, depois, cristã como expressão da resposta de fé à Palavra de Deus. Em todos estes sentidos, Cristo é o Amém”. Escrevendo aos coríntios, Paulo o confirma: “E todas as promessas de Deus encontraram seu SIM na pessoa dele [Cristo]. É também por ele que nós dizemos AMÉM”. (2Cor 1,20)
É pena que tenha sido adotada a tradução “assim seja”, que soa aos nossos ouvidos como uma espécie de aceitação, conformada e conformista, em lugar de um brado de aclamação geral que nos compromete com a própria vida. Para Rey-Mermet, “a palavra evoca a imagem de um edifício de alicerces inabaláveis; melhor ainda, a da rocha sobre a qual está construído”. E diz mais: “Deus é esse Amém (Is 65,16). Ele não engana, não decepciona. Deus de Verdade, de Fidelidade; Deus de Palavra”.
O Deuteronômio traz um cântico ao Rochedo de Israel: “Reconhecei a grandeza de nosso Deus. Ele, o Rochedo, sua ação é perfeita, todos os seus caminhos são justos; ele é o Deus fiel, não há nele injustiça”. (Dt 32,3-4)
Como se isto não bastasse, é do Rochedo que mana a água da vida: “Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do Monte Horeb: ferirás o rochedo e a água jorrará dele; assim o povo poderá beber”. (Ex 17,6) Os Padres da Igreja primitiva identificaram esse rochedo-fonte com a pessoa do Crucificado: “Naqueles dias, jorrará uma fonte para a casa de Deus e para os habitantes de Jerusalém, que apagará seus pecados e suas impurezas”. (Zc 13,1)
Naturalmente, o primeiro Israel jamais teria imaginado que do Rochedo jorraria sangue, ao golpe da lança do centurião romano. O sangue de Cristo que nos resgatou e nos confirmou na salvação de Deus. O mesmo sangue que se atualiza em cada Eucaristia, nosso alimento de eternidade.
Orai sem cessar: “Não há rocha firme como nosso Deus!” (1Sm 2,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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