Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Não o queriam receber… (Lc 9,51-56)

3/10/2017 – Não o queriam receber… (Lc 9,51-56)

A caminho de Jerusalém, acompanhado de seus discípulos, Jesus passa pelo território da Samaria e os habitantes locais, cuja inimizade em relação aos judeus era alimentada há séculos, recusam-lhe friamente a habitual hospitalidade oriental.

Na verdade, esta dolorosa experiência de rejeição foi experimentada por Jesus com muita frequência. Até seus conterrâneos mostraram cara feia para eles, para confirmar o provérbio de que ninguém é profeta em sua própria terra (cf. Mc 6).

Confirmando a mesma rejeição, a frase lapidar de São João aparece no prólogo de seu Evangelho: “Ela [a Luz divina] veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram”. (Jo 1,11)

Não é fácil aceitar a recusa do bem que oferecemos. Pode até brotar um impulso de ódio no íntimo da pessoa que se vê rejeitada. Foi assim com os discípulos de Jesus: Tiago e João – logo em seguida apelidados de “filhos do trovão” – perguntam ao Mestre se deveriam mandar que o fogo do céu descesse sobre os samaritanos. E Jesus a reprovar os dois incendiários: “Não sabeis de que espírito estais animados!” Claro, não era o espírito de amor…

É verdade que os dois raivosos podiam achar uma “base escriturística” para sua reação de violência: no passado de Israel, o profeta Elias invocara o fogo do céu para queimar o novilho do sacrifício e, não contente com sua vitória sobre os 450 sacerdotes de Baal, mandou prendê-los e exterminá-los (cf. 1Rs 19). Claro, Deus imediatamente retirou Elias para a caverna do Horeb e ali o fez passar por uma reeducação, para aprender que o Senhor estava presente na brisa mansa, e não no fogo, no terremoto ou na ventania.

Também hoje, em pleno século XXI, a mensagem da Boa Nova oferecida à Humanidade continua a ser rejeitada. Os ministros de Deus experimentam uma reação de notável frieza (e até mesmo hostilidade!) diante do anúncio do Evangelho. Natural, sofrem com isso. Mas não deviam admirar-se com esta rejeição. O Mestre já havia antecipado esta situação com palavras bem claras: “O servo não é maior que o seu senhor. Se me perseguiram, perseguirão também a vós”. (Jo 15,20)

Diante dessa rejeição, muitos desanimam e desertam de sua missão. Os santos insistem, testemunham e prosseguem seu caminho, a exemplo do Mestre.

Orai sem cessar: “O que ouvi do Senhor, isso eu vos anunciei!” (Is 21,10)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança