7/03/2018 – Não vim abolir, mas cumprir… (Mt 5,17-19)
Se os pais amam os filhos, seu amor se manifesta em atenção e recomendações, conselhos e… proibições. No dia a dia da família, a mãe adverte: “Não brinque com fogo! Cuidado com o carro! Atravesse na faixa! Não fale com estranhos! Tira isso da boca!” E tudo isto manifesta amor…
A Lei antiga – as Dez Palavras do Sinai – mostra objetivamente que Deus ama seu povo e quer protegê-lo dos inúmeros riscos da caminhada. Não são meras proibições, mas um roteiro de vida. Imaginem uma multidão que vagueia pelo deserto e, enquanto isto, desejam a mulher do próximo, surrupiam os objetos alheios, perdem o respeito pelos pais, roubam e matam! Teríamos uma espécie de guerra civil, semelhante à que se vive, hoje, nas grandes cidades brasileiras…
Uma Lei que brota do amor do Pai pelos filhos não é um decreto que possa ser abolido, ainda que venha a evoluir conforme o grau de amadurecimento dos mesmos filhos, a caminho de uma liberdade crescente e responsável. Por isso mesmo, consciente do valor desses mandamentos, Jesus afirma claramente a respeito da Lei mosaica: “Eu não vim abolir, mas cumprir”.
Naturalmente, se forem rompidos os laços de amor entre Pai e filhos, aquelas normas de amor passam a ser vistas como decretos opressivos, cabrestos inaceitáveis. Sem amor, a obediência é absurda. Isto ajuda a entender a atual gritaria que, desde os anos 60, clama por uma certa “modernização” da Igreja Católica, acusada de retrógrada e ultrapassada. Para tais críticos, “modernizar” significa, na prática, aceitar que a pessoa humana seja tratada como matéria-prima, com seus embriões imolados à pesquisa científica. Significa jogar no lixo a santidade do matrimônio, transformado em simples acasalamento. Significa autorizar que alguém decida quem deve nascer e quem não deve vir à luz, pelo aborto legal.
Ora, Jesus não aboliu a Lei. A voz do Sinai continua a clamar: “Não matarás! Não cometerás adultério! Honrarás teu pai e tua mãe!” (Dt 5.) Não perderam o seu valor os preceitos morais do Antigo Testamento, pois estão ligados à própria natureza humana, e não a modismos que passam com o tempo.
Na prática, o Evangelho de Jesus Cristo mostrou-se ainda mais exigente, superando a letra fria da Lei e chamando a uma existência orientada pelo amor, que se dispõe a dar a vida pelo amigo.
Obedeço por amor a meu Pai? Ou sou daqueles que veem a Deus como um feitor de escravos?
Orai sem cessar: “É eterna, Senhor vossa palavra, tão estável como o céu.” (Sl 119,89)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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