12/02/2016 – O Esposo lhes será tirado… (Mt 9,14-15)
Os discípulos de João Batista viviam uma vida ascética, a exemplo de seu Mestre. Já os discípulos de Jesus, ainda que pobres, formavam um bando bastante informal e alegre, sempre disposto a se reunir em torno de uma mesa. O próprio Jesus confessa: “Desejei ansiosamente comer esta ceia convosco!” (Lc 2,15.) Os adversários vão dar-lhe o rótulo de beberrão e comilão (cf. Lc 7,34).
Entre os hebreus, o jejum costumava ser um sinal de luto. Os contemporâneos do Rei Davi estranharam quando ele interrompeu seu jejum logo após a morte do filho que tivera com Betsabé (cf. 2Sm 12,21). Daí a resposta de Jesus quando os discípulos de João vão até ele, perguntando por que seus discípulos não jejuavam: é que o Esposo estava com eles e durante as bodas ninguém faz jejum.
A primeira lição, para nós, é que Jesus é o Esposo. A Igreja é a noiva, que ele deverá encontrar sem mancha e sem ruga. A cena das Bodas de Caná tem sido interpretada pelos exegetas como uma espécie de antecipação do Banquete do Cordeiro. A fartura de vinho aponta nessa direção.
A segunda lição, menos agradável, é que o Esposo nos pode ser tirado. Com os discípulos, isto ocorreu quando Jesus foi crucificado e morto. As lágrimas de Pedro, Madalena e das santas mulheres compunham o cenário. Mas a mesma experiência viveram os cristãos sob perseguição nazista ou comunista, na Alemanha ou no Camboja. Era como se lhes tivessem roubado o Esposo.
E nada garante que também nós não passaremos por isso. A crescente invasão do paganismo em todas as esferas da vida social e política, aliada ao desprezo e às agressões cometidas pela mídia capitalista contra as tradições do povo cristão – tudo sugere que os cristãos podem transformar-se em uma minoria indesejável e incômoda para os novos pagãos.
Não precisamos esperar por isso para jejuar. Comecemos nosso jejum por aqueles que já são perseguidos, como nossos irmãos do sul do Sudão e da nova China, presa preferencial de ativistas muçulmanos e dirigentes comunistas.
Um jejum de alimentos, sim. Mas também um jejum de televisão, de programas mundanos, de lazeres que dissipam a alma. E acima de tudo, um jejum de pecado. Porque de nada adianta fazer jejum e continuar apegado aos mesmos pecados de sempre…
Orai sem cessar: “Aquele que eu amo, não o vistes?” (Ct 3,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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