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Ovelhas sem pastor… (Mc 6,30-34)

22/07/2018 – Ovelhas sem pastor… (Mc 6,30-34)

Este Evangelho realça mais uma vez o sentimento de Jesus diante das multidões que acorriam à sua procura, o mesmo sentimento ainda mais destacado no Evangelho de São Lucas: a compaixão. Um movimento da alma geralmente designado pelo verbo grego [splagchnizomai] que conota uma reação visceral, hoje diríamos “psicossomática”.

O Antigo Testamento já fazia referência ao abandono do povo por seus dirigentes, tanto políticos quanto espirituais, como na passagem de Jeremias 10,21, que denuncia “pastores que deixaram de procurar o Senhor e por isso são incapazes de governar”, com a consequente dispersão do rebanho.

O profeta Isaías 40,11 traz a promessa do Messias que vem “qual pastor que cuida com carinho do rebanho, nos braços apanha os cordeirinhos, para levá-los ao colo”.

É exatamente assim que a Jesus aparece, no Evangelho – diz Hans Urs von Balthasar – a multidão que se reúne à sua volta. “Nele, as pessoas sentem instintivamente o bom pastor enviado por Deus, que não quer exercer seu poder sobre elas, mas as reúne e cuida delas por si mesmas. Os poderosos já as dominaram o suficiente, assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, para os quais o povo era somente certa massa ignorante “nascida inteiramente no pecado” (cf. Jo 9,34).”

Este Evangelho mostra-nos Jesus dividido entre a necessidade de repouso e as exigências da multidão, que não lhe permite sequer o tempo para as refeições (cf. Mc 6,31b). “Ele acabará por oferecer a si mesmo em alimento para esses famintos. Ele não está ali para descansar, mas para deixar-se usar até o fim. ‘Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas’. (Jo 10,15)”

É assim que Jesus deixa de lado o descanso e a alimentação para concentrar-se no ensinamento da multidão. Fazem-lhe companhia os discípulos, sem que se registre a reação deles e suas disposições íntimas. Afinal, o Mestre é também o modelo de vida do discípulo, um modelo a ser imitado sem reservas pessoais.

Como o próprio Jesus iria ensinar, basta ao discípulo ser como o Mestre. Por isso mesmo, em sua atuação pastoral e no anúncio do Evangelho – como se lê nos Atos dos Apóstolos – esperam por eles os mesmos cansaços e a mesmo destino de seu Mestre (cf. Mt 10,25).

Orai sem cessar: “O Senhor é meu pastor, nada me falta!” (Sl 23,1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.