Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

… para dar sua vida… (Mt 20,20-28)

25/07/2017 – … para dar sua vida… (Mt 20,20-28)

Na festa do apóstolo São Tiago (maior), irmão de João – filhos de Zebedeu -, a liturgia vem chamar nossa atenção para a participação do discípulo na mesma missão do Mestre. Assim como Jesus deu sua vida pelo mundo, também Tiago pode sacrificar-se pelo Evangelho. No livro dos Atos dos Apóstolos, São Lucas registra que Tiago morreu pela espada, a mando de Herodes. (At 12,2.)

Mas o Evangelho de hoje nos apresenta o contraste entre a glória terrena e o “cálice” de Jesus. A Mãe de João e Tiago fez o papel de porta-voz dos filhos; pediu para eles uma posição de honra especial quando Jesus viesse a estabelecer o seu novo reino. Sinal claro de que ainda sonhavam com um “reino” material, político e social, que suplantaria mesmo o brilho dos tempos de Salomão.

Jesus responde-lhes com outra pergunta: “Podeis beber o cálice que eu hei de beber?” Ora, de que “cálice” ele está falando? Trata-se de uma expressão figurada: a “copa” (ou “cálice”) representa o sacrifício, pois nela se recolhia o sangue dos animais oferecidos no Templo da Primeira Aliança. O cálice supõe uma vítima, cujo sangue é aspergido sobre a assembleia em um ritual de purificação.

Por várias vezes, no Evangelho, Jesus se refere ao seu “cálice” (Jo 18,11; Mt 26,39), a taça que é imagem do batismo de sangue, que sofreria no Calvário. Caberia também aos Apóstolos a oportunidade de sofrer perseguições e até o martírio, testemunhando a fé com a própria vida.

Por ora, a pretensão dos dois irmãos provoca ódio e ciúme dos companheiros, pois a ânsia de glória e de sucesso estabelece a competição e leva à fratura da unidade. Futuramente, ao imitarem seu Mestre com uma vida de serviço à Igreja, de total dedicação a seu rebanho, acharão a unidade no comum martírio.

De fato, a palavra “comunhão” não se refere a uma “comum-união”, como alguns procuram interpretar. Em sua raiz latina, a palavra “communio” tem dois mm: um do prefixo (com) e outro do termo múnus (tarefa), para mostrar que só entramos em comunhão quando assumimos nossa tarefa comum. É a missão que nos põe em comunhão. Se o trono separava os discípulos, o Evangelho, a cruz e a espada haveriam de uni-los para sempre no mesmo amor e na mesma fé.

Por que temos caminhado com Jesus? Pela glória ou pela cruz?

Orai sem cessar: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.” (Fl 1,21)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.