Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Por mais vocações

A história de dois religiosos da nossa comunidade mostram as dificuldades e alegrias de quem escolheu a vocação do sacerdócio que, em nosso país, precisa crescer

Desde pequeno José Eduardo Paixão, de 28 anos, gostava de frequentar a Igreja. O ambiente acolhedor e de vida em comunidade encantavam o jovem menino que, mesmo sem que os pais o acompanhassem, fazia questão de ir as missas e atividades paroquiais. Quando chegou ao ensino médio, o adolescente foi chamado pelo padre para frequentar encontros vocacionais. Talvez ser padre fosse o destino daquele garoto tão dedicado e religioso. José não só gostou da ideia, como passou a frequentar diversos encontros e tentar, pelo menos três vezes, entrar em um seminário. Mas, a decepção chegou quando, em três tentativas nenhuma foi bem sucedida e então, já em período de vestibular, o jovem foi fazer faculdade de enfermagem, considerando que talvez aquela pudesse ser a vontade de Deus. Já aos 21 anos, e formado como enfermeiro, Paixão não conseguia desistir da ideia de ser padre, foi quando conheceu padre Valdecir dos Missionários do Sagrado Coração e, finalmente, começou seus estudos para se tornar um padre da Igreja Católica. “A vontade Deus consistia em ser amado e amar”, diz Fratér José Eduardo Paixão.

Destinos como o de José Eduardo estão ficando cada vez mais raros no Brasil e no mundo. No país considerado de maioria católica não há hoje ao menos um padre por município. E isso se deve principalmente de acordo com padre Reuberson Ferreira à falta de formação religiosa nas famílias “Hoje, a dificuldade de uma formação religiosa familiar faz com que muitos não ouçam o chamado para o sacerdócio. Não se fala sobre vontade de Deus para a nossa vida nas famílias, uma vontade que contemple a vocação religiosa ou qualquer outra vocação.”

O incentivo da família

Ao contrário de décadas passadas, quando grande parte das vocações eram incentivadas pela família, hoje a maioria dos seminaristas ingressam já maduros, depois dos vinte anos de idade nos seminários e dizem descobrir sua vocação em comunidades eclesiásticas ou mesmo no convívio com a Igreja. A possibilidade da vida sacerdotal hoje é raramente cogitada como o futuro dos filhos.

Padre Reuberson também sua descobriu sua vocação bem cedo. Aos 12, o menino do interior do Maranhão já tinha certeza que seguiria a vida religiosa. E aos 17 anos começou os estudos no seminário, o que surpreendeu de certa forma sua família. “ Meu pai não  entendia muito meu desejo, mas deixava que eu seguisse. Julgo que ele não achava que isso fosse dar em muita  coisa. Já os amigos da escola, faziam chacota do meu desejo”, diz padre Reuberson. Com o tempo, e observando o talento do jovem para vocação, todos acabaram apoiando a ideia de Ferreira.

Assim como padre Reuberson, o frater José Eduardo surpreendeu seus amigos e familiares quando anunciou sua entrada ao seminário. Os colegas da Igreja, que tanto o incentivavam a seguir o sacerdócio, se colocaram contra a decisão de José. Já seus pais, de quem ele esperava a resposta negativa, acabaram o apoiando. “Nunca me esqueço das palavras que minha mãe usou no dia da visita do padre em nossa casa ela disse: ‘iremos sofrer com a distância, mas se esta é a vontade nós o deixaremos ir para o seminário’ “, diz .

Na batalha dos estudos e da dedicação para a vocação que escolheram, ambos conquistaram o sucesso na vida religiosa. Fráter José Eduardo está a pouco de se tornar padre e Reuberson é hoje o vigário do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração. Para uma igreja que tenha ainda mais religiosos, José acredita no poder das comunidades . “A vocação Sacerdotal é um sentido de Vida, doada, gasta, entregue pelo Reino de Deus. As comunidades que buscam ser vivas em todas as suas dimensões, tornam-se celeiros naturais de vocações”, diz. Já para padre Reuberson o incentivo a vocação está na oração, na família e na sociedade. “Creio que a oração em primeiro lugar; Depois as Famílias terem consistência e falarem também de vocação aos seus filhos e , por fim, inversão de valores em nossa sociedade “, conclui.

Aline Imercio