Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração

Vila Formosa - São Paulo - Brasil

Teu pai e eu… (Lc 2,41-51a)

20/03/2017 – Teu pai e eu… (Lc 2,41-51a)

A expressão é de Maria, Mãe de Deus. José e Maria haviam perdido seu filho adolescente na multidão. Ao perceberem sua falta, ficaram “comovidos”, diz o evangelista. Voltam atrás o caminho de uma jornada. Buscam pela cidade grande durante três dias. Quando, enfim, a Mãe o vê entre os doutores, no Templo, ela desabafa: “Estávamos angustiados!” Mas ela se põe em segundo plano: “Teu pai e eu…”

Quando a Igreja escolhe esta passagem do “evangelho da infância” registrado por São Lucas, qual seria a sua intenção? Há muitos pontos que merecem nossa atenção. Trata-se uma família que peregrina com os vizinhos e conhecidos. As crianças participam da vida dos adultos. Os pais se sacrificam pelos filhos. Na pessoa do filho ocultam-se mistérios que surpreendem os pais. O filho obedece…

Parece muito para nossos tempos? Talvez… Mas o que me chama a atenção é a esposa que valoriza o pai diante do filho. Maria sabe muito bem que José, da estirpe de Davi, fora escolhido por Deus para dar ao filho a honra de um pai. Escolhido para ser o pai nutrício. Para ser o pai legal. Para dar ao Filho de Deus encarnado um modelo masculino, um exemplo de trabalho, um referencial para sua existência humana.

O segredo de Maria esposa parece um tanto esquecido entre nós. O cônjuge talvez não veja no outro alguém que deriva de uma escolha de Deus para sua vida, reduzindo-o a mero parceiro de uma aventura que deve durar enquanto dura a paixão, a conveniência ou o interesse. Pior ainda: é comum que um dos cônjuges desvalorize o outro diante dos filhos, sem perceber que cava uma ferida profunda nos corações desprotegidos…

“Teu pai e eu…” Não se trata apenas uma frase de polidez: é um verdadeiro ato de amor. Nós ainda não nos detivemos o suficiente para meditar em toda a ternura e gratidão que Maria de Nazaré experimentava pelo esposo que Deus lhe deu. Ter a seu lado o homem que obedece à voz de Deus até nos sonhos… O homem que se sacrifica pela família… O homem no qual se reflete a justiça de Deus… O homem no qual o filho pode buscar o rumo de seu itinerário…

Sim, José de Nazaré foi muito amado por Maria. Duvido que, algum dia, ela se tenha queixado do “peso” da vida de casada, pois a presença de José era uma inspiração permanente para o exercício do amor.

E a gente começa a entender a escolha deste Evangelho para a solenidade de São José…

Orai sem cessar: “Os pais são a glória dos filhos…” (Pr 17,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.